Há algum tempo atrás escrevi sobre como
é o procedimento de pesquisa e registro de um novo medicamento para que ele
seja comercializado. O processo que pode durar anos não acompanha a velocidade
com que certas epidemias se alastram pelo mundo, como é o caso atual do Ebola.
Dois laboratórios (Fujifilm Holdings e
Mapp Biopharmaceutical) têm se dedicado à pesquisas para um novo medicamento
que possa combater o Ebola. Um deles, a Mapp Biopharmaceutical, revela ter
enviado unidades disponíveis de seus medicamentos não homologados para que
sejam utilizados nas regiões africanas mais acometidas pela doença. Já a
Fujifilm Holdings possui o registro do medicamento para uso como antigripal.
Atualmente não existe nenhum medicamento
especifico para a doença e, diante da iminente pandemia, a Organizaçao Mundial
de Saúde tem debatido a utilização de medicamentos sem registro para combater o
surto.
A questão gera polêmica, sobretudo pelo
ponto de vista ético. Por um lado nos defrontamos com a morte de mais de 1300
pessoas somente na Africa desde o início da epidemia. Por outro, os promissores
resultados que apresentaram nos dois norte-americanos submetidos ao tratamento
com o protótipo, e a morte do padre espanhol submetido, ao que tudo indica, ao
mesmo tratamento.
Além da polêmica ética, de se utilizar ou não medicamentos sem registro, (sabe-se que muitos morrem de ebola sem ter ebola) a falta de acesso às mínimas condições de higiene, falta de água potável, de materiais descartáveis, de profissionais de saúde e hospitais, levam muitos a se infectarem por qualquer coisa e apresentarem os mesmo sintomas de ebola. Na falta de possibilidades de diagnóstico e tratamento para todos, muitos são simplesmente isolados. Com isso, nasce também a polêmica do que vale mais a pena? Investir em infraestrutura e educação para prevenir futuras epidemias? Ou desenvolver um medicamento que trate a doença, deixando esgoto a céu aberto e hospitais fechados como vem ocorrendo, ou seja, de investir em prevençao?
Esta é uma complexa questao que muitas
vezes se deparam governantes e empresários, no intuito de encontrar a soluçao
para um problema delicado, influenciado também por interesses políticos,
econômicos e socio-culturais.
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